Grupo Irmã Scheilla, 10/02/2023
Tem
uma luz lá longe. Algumas vozes e batidas se aproximando. O mundo desabou sobre
nossas cabeças e não vejo saída. As vozes chorosas de ontem se calaram. Não
pude me despedir do meu esposo e não sei quanto tempo me resta. Nesse momento,
pergunto-me qual a razão de ter que vivenciar esse sofrimento.
O
frio adormece os dedos e a escuridão congela a alma e a esperança. Não sei se a
vida é uma dádiva ou um tormento que se faz caminho de redenção. Maomé me
guarda para encontrar a porta. As batidas aumentam e os latidos são insistentes
e a força se vai, a voz é um sussurro rouco. Amanheceu novamente e não sinto
mais dores. Estou livre e vou deslizando por entre os escombros. Tantos rostos
conhecidos na multidão. Estou partindo e meus retalhos ficam.
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